sábado, 5 de maio de 2012


Fóssil
Que te trouxe a este estado?
Museu enterrado
Fim interrompido
Esses seus ares de eternidade
Essa sua persistência
Sinceramente
Convenhamos
Qual é o fim que tu exiges para desaparecer
Não te basta a sedução de não ser
Espalhar-se dissolver-se evolar-se sucumbir perder
Nada disso te atrai
Permaneces, como um feto não nascido no interior da terra
Uma carne feito pedra
Quem deseja uma lembrança eterna

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Conto...

Pela primeira vez, num mundo sem sinais. As cartas não diziam mais. O que era viver precisando descobrir encantamentos escondidos? As velhas receitas não produziam novos sabores. Estava cansada dos mesmos caminhos intermináveis, cobertos de poeria que serpenteavam por entre as pedras. Os abismos ladeavam a profundeza, seria fácil rolar. Os picos apontavam para o céu. Era seguir a serpente prateada sempre. Hipnótica. A mudança havia se escondido, havia se disfarçado do mesmo. Era preciso surpreendê-la. Era preciso atrair. Mas o poder tinha se evaporado como um perfume... então teve um sonho, e compreendeu onde os sinais haviam se escondido. Ela seguiria.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Traço desenhos à beira d’água. O pé na antiga areia dourada. Espero a barca, espero a barca. O sol se põe. Tudo é tinto de roxo e sol. Uma mão amiga se estende. Eu agradeço, não esperava, mesmo a água estando morna. Eu temo o que me aguarda do outro lado. Talvez eu não saiba passar. Não existem brumas. Não há indicações. Sigo os sinais. Sigo para ver o que há de vir. O que há depois. Não sei se faz sentido, nem sei como termina. 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Hoje estou vestida de um sol se pondo. No meu um olho se estende um horizonte vasto. No meu corpo se abre um rio. Eu sopro o vento e arrasto as areias.
Eu pensei que eu tinha devolvido
A pedra do seu coração
Mas você saiu voando mesmo assim

Eu pensei que tinha devolvido
Mas hoje eu senti um peso
Ou será que é apenas o lugar vazio da pedra
Um vazio que pesa

Só para lidar com o que me queima
Só para lhe dar
Firo a pedra com o fogo
Só para fixar essa teima
Estiar
Soprando areia e ouro
Desenhando redemoinhos de poeira
Eu sinto a pena atravessando a veia